
Processamento auditivo Central
O Processamento Auditivo Central (PAC) refere-se à forma como o cérebro interpreta, processa e utiliza as informações auditivas. Em outras palavras, é um conjunto de habilidades específicas das quais dependemos para compreender o que ouvimos. Trata-se da análise, classificação, organização e interpretação dos eventos acústicos. Essa avaliação considera diferentes habilidades auditivas, como a capacidade de detectar, distinguir, localizar, reconhecer e compreender sons.
Muitas pessoas, embora não possuam perdas auditivas, podem apresentar alterações no processamento auditivo. Pois, o fato de um indivíduo apresentar audição nos padrões de normalidade para tons puros não significa que ele consiga processar e interpretar adequadamente as informações verbais e não verbais às quais é exposto no dia-a-dia.
Alterações do PAC podem afetar a capacidade de crianças, adultos e idosos de compreender, lembrar e utilizar informações auditivas, o que é crucial para o aprendizado e a comunicação.
Fatores de risco para TPAC podem incluir:
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Fatores genéticos;
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Distúrbio neurológico (meningite, traumatismo craniano, lesões do SNC);
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Otite média recorrente ou outros tipos de privação sensorial auditiva;
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Fatores pré-natais/neonatais (anóxia, citomegalovírus, hiperbilirrubinemia, baixo peso de nascimento, prematuridade);
Sinais e sintomas do TPAC:
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Desatenção e/ou distração;
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Agitação e/ou inquietação;
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Solicitação frequente de repetição (Hã? O quê?);
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Dificuldade para localizar de onde o som está vindo;
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Dificuldades para prestar atenção e discriminar sons em ambientes ruidosos;
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Dificuldade em entender e, por consequência, seguir regras e ordens;
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Dificuldade de memória verbal;
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Dificuldade de aprendizagem e/ou para ler e escrever;
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Problemas de linguagem oral/fala (troca de sons da fala);
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Tempo lentificado de resposta à fala dos interlocutores, demonstrando incerteza na compreensão do que foi dito;
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Piora na compreensão frente à fala rápida e/ou longa;
Métodos de Avaliação.
Realizada por um fonoaudiólogo, a avaliação inclui uma bateria de testes, com estímulos verbais e não verbais, que avaliam as diferentes habilidades auditivas. A duração da avaliação é de aproximadamente 45 a 60 minutos. Os testes são apropriados tanto à idade quanto ao nível intelectual do paciente, certificando-se que ele entendeu claramente as orientações do teste a fazer. Em alguns casos, é necessário gerenciar o comportamento do paciente a fim de evitar que questões não auditivas interfiram nos resultados, e se necessário realizar a avaliação em duas etapas. A avaliação deve ser realizada em local apropriado, com equipamento específico calibrado e condições acústicas adequadas, seja na cabina acústica ou sala tratada acusticamente, ambas devidamente calibradas.
Pré-requisitos para a avaliação do PAC.
É imprescindível que todo o paciente encaminhado para avaliação do PAC realize avaliação audiológica composta por Audiometria Tona/Vocal e Impedanciometria, realizada preferencialmente em data próxima à avaliação do PAC. Caso o paciente apresente histórico otológico e/ou de infecção, ou alergia de vias aéreas superiores, ou outros indícios de acometimentos que podem gerar dúvidas em relação à acuidade auditiva, recomenda-se sempre uma nova avaliação audiológica.
Outros requisitos importantes devem ser observados antes da avaliação.
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Idade mínima para diagnóstico de alterações do processamento auditivo é de sete anos, porém, o exame já pode ser realizado em crianças a partir dos seis anos por apresentarem valores normativos para essa idade;
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Habilidades cognitivas e linguísticas suficientes para a compreensão das tarefas;
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Limiares audiométricos nos padrões de normalidade ou em casos de perda auditiva sensorioneural simétrica bilateral com limiares auditivos na média aceita para realizar o teste;
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Ausência de alterações de orelha média no momento da avaliação;
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Produção articulatória inteligível;
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Nível de atenção compatível com os testes;
O que fazer se o exame der alterado?
Apresentando alterações nas habilidades auditivas testadas, deve ser iniciada a terapia específica, conhecida como Treinamento Auditivo. A terapia deverá ser realizada exclusivamente por um fonoaudiólogo, logo após o diagnóstico, dado o impacto do TPAC na audição, comunicação, atividades cotidianas, habilidades escolares, sociais, ocupacionais e familiares.
É fundamental que a intervenção seja realizada de forma ampla e abrangente, podendo envolver uma equipe multidisciplinar para maximizar a efetividade do tratamento.